domingo, 3 de junho de 2012

UFBA: Professores em greve.


http://br.bing.com/images/search?q=ufba&view=detail&id=B2A614920202435B47E5C0CF1B98DD3FF2156111&first=0&FORM=IDFRIR Uma greve de professores é talvez o maior de todos os medos de um aluno de uma universidade federal. Seja para quem está ingressando ou para quem está concluindo sua graduação é angustiante interromper o curso e adiar sua formação. No entanto, esta formação a que me refiro limita-se apenas à diplomação, pois os que acompanham os debates entre os docentes, seja nas assembleias ou em rede, não deixa de estar em formação.
- Obras durante o período de aulas que inviabilizam até nossa permanência (cheiro de tinta, poeira, barulho...);
- Salvo engano no dia 21/05, uma chuvosa manhã de segunda-feira, descia uma cachoeira do teto do laboratório de informática e alagou e molhou várias máquinas;
- Funcionários insatisfeitos que prestam um péssimo serviço, principalmente na biblioteca;
- Limpeza passa longe e quem tem rinite como eu sofre com os barulhentos ventiladores empoeirados e etc.

Quem leu ou assistiu a argumentação da professora Graça Druck questionando a validade do plebiscito e se posicionando a favor da legitimidade do comando de greve, decidido em assembléia, por exemplo, deve considerar que é sem dúvida uma aula melhor do que algumas que já teve em sala de aula na mesma Universidade.

No entanto as opiniões se dividem entre os que apoiam o movimento apesar do considerável prejuízo quanto ao tempo de permanência na universidade e aqueles que querem seu diploma a qualquer preço. E na calada dos e-mails tramam junto com professores a realização de aulas presenciais em outros espaços onde as aulas estão sendo mantidas.
A estes que se sentem inclinados a questionar e furar a greve docente das universidades federais, sugiro acompanhar os debates, buscar conhecer o processo de precarização da carreira docente neste nível de ensino e os ajustes impostos aos ingressantes, que refletirão mais tarde na qualidade do ensino superior em todo país. Ah! Mais não estaremos mais na universidade quando essas mudanças acontecerem de fato. Verdade! Não seremos nós a ter aulas com professores insatisfeitos e atolados de artigos para produzir para CAPES. Nós seremos apenas aqueles que por conta das nossas necessidades individuais não fizemos nada para evitar que isso acontecesse.

Assim, o que nos cabe nesse momento além de participar das assembleias abertas e dos debates que decidirão o que é melhor para os rumos da educação superior, é continuar nossos estudos independentes lendo a bibliografia recomendada pelo programa das disciplinas, organizar os trabalhos iniciados e aguardar o fim do movimento torcendo e apoiando para que tenha bons resultados, que seja breve e não anule o semestre. Mas se nos individualizarmos jamais teremos uma verdadeira formação humana e crítica, que deveriam ser antes de qualquer diploma a nossa primeira meta como pessoas privilegiadas por estarem nesse espaço de ensino.

Hoje, 07/06/2012, debatendo no facebook com uma amiga sobre o movimento, lembramos de lutas anteriores em que os alunos se mobilizaram fortemente e hoje vemos uma apatia e um descontentamento maior com a falta de aulas do que deveria haver em comparação com a reação de indignação com as políticas para educação. E nos perguntando a causa dessa mudança de atitude, consideramos que as mudanças que surgem após essas lutas foram pouco ou não muito perceptíveis, mas que somadas a outras vitórias em outras lutas foram tecendo o modelo educacional que temos hoje e que depende de novas demandas para ir se reajustando à atualidade. Talvez essa tímida mudança seja a causa da descrença na mobilização ou será que talvez o mercado tenha conseguido nos engolir antes mesmos de chegar-mos a ele? Neste caso chamarei de visão do mercado e engolir substituo por sedução. Então, a visão do mercado conseguiu nos seduzir de tal forma que a pressa para concluir nossos cursos seja tão grande, que estamos preferindo ganhar um rótulo UFBA sem questionar a qualidade da formação UFBA. Ou ainda, conseguiram nos convencer de que estamos sempre sendo manobrados, como forma de desacreditar a mobilização para eliminá-la?

A alguns meses atrás, um colega espanhol do intercâmbio nos apresentou um vídeo da sua Universidade, Granada, ficamos mudos de constrangimento, mas conseguimos elogiar a estrutura e a produção feita por eles. Em sua resposta ele nos disse que: "Ainda temos muitos problemas para resolver, principalmente no ensino, falta uma aproximação entre professor e aluno [...], mas se chegamos até aqui é por não ter cruzado os braços e deixado de buscar algo mais só por que outros estão em situação pior que a nossa". Se fosse hoje eu lhe diria que há quem ache que está tudo bem na UFBA e se posiciona contra a greve dos professores e acha que os alunos não possuem uma pauta de reivindicação, quando é só entrar na FACED para listar uma das bem grandes.
Vídeo Universidade de Granada (clique aqui). Apesar do estilo high school musical, vale à pena ver o vídeo, quem sabe você não sente vontade de lutar para ter faculdades públicas com essa estrutura no Brasil.


Este post estará em construção durante a greve.

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